segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Terremotos no Brasil?


Sim, eles existem e nem sempre são inofensivos como muitos pensam. Agora será mais fácil compreender esses fenômenos pelo livro “O terremoto que mexeu com o Brasil”, a ser lançado em 1º de junho, em Brasília. A obra enfoca os tremores de terra no Município de João Câmara, RN, a mais longa e agressiva sismicidade conhecida entre nós. A terra tremeu intermitentemente por cerca de 7 anos, produzindo mais de 50 mil eventos registrados por sismógrafos.

Resultado: 4.348 construções danificadas, êxodo maciço da população urbana e rural e um contingente de 26 mil desabrigados. Os maiores sismos eram sentidos em Natal, Recife, Olinda, João Pessoa e, comumente, balançavam edifícios altos forçando moradores a abandonarem seu apartamentos.

Ações de defesa civil se fizeram presentes na cidade de João Câmara e seus arredores. Aos sismólogos se juntaram cientistas de outras especialidades para aprimorar e aprofundar as investigações geológicas e assistir uma população carente de apoio material e psicológico. O governo federal assumiu a reconstrução da cidade e o Exército responsabilitou-se pela edificação de imóveis resistentes a futuros abalos. A mídia destacou os acontecimentos e foi assim que os tremores de terra tiraram João Câmara do anonimato e mexeram com o Brasil. Informações científicas e documentações fotográficas e jornalísticas compõem a obra, que ainda contém um vídeo inédito resultado de filmagens feitas pelo autor nas duas semanas posteriores ao principal abalo de 30/11/1986, de magnitude 5.1.

O livro mostra que nosso País já foi atingido por vários tremores com magnitudes bem superiores aos de João Câmara e só não produziram danos significativos porque tiveram epicentros distantes de áreas densamente povoadas. Embora o risco seja pequeno, o perigo de um sismo severo no Brasil é real. Basta lembrar que o recente terremoto de 20/05/2012, que ocasionou morte e destruição no norte da Itália teve magnitude inferior aos maiores registrados no território brasileiro.

As curiosidades continuam. Nossos índios do Brasil Colônia possuíam palavras próprias para expressar terremotos, significando que eles os sentiam. Dom Pedro II interessou-se pelo estudo de nossos sismos. Sentiu um deles e exigiu informações detalhadas do ocorrido que, posteriormente, foram endereçadas à Academia de Ciências de Paris. Parte do texto foi publicado na Nature, fazendo de nosso Imperador o primeiro brasileiro a ter seu nome na prestigiada revista científica. No passado geológico, antes da existência do Brasil, o impacto de um corpo celeste, a meros 500km de onde nasceria Brasília, produziu um terremoto com a impensável magnitude ao redor de 11, ou seja, quase 200 vezes mais forte do que o maior sismo já registrado, o do Chile, de 1960, com magnitude 9.5.

Homens podem provocar terremotos e o Brasil tem seus exemplos. Os mais conhecidos estão associados a criação de grandes lagos artificiais para a produção de energia hidrelétrica. São 20 casos brasileiros, mas nenhum causou problema as estruturas de nossas barragens – o maior, com magitude 4.2, produziu estragos em construções rurais.

Extração de gás e petróleo podem induzir o aparecimento de pequenos abalos de terra e há exemplos pelo mundo.Não temos notícias deles por aqui, mas isso poderia acontecer com a multiplicação de campos exploratórios na plataforma continental, especialmente na parte Sudeste-Sul, onde vem sendo registrada atividade sísmica natural desde a decada de 1970, quando se instalaram sismógrafos próximos à costa.

Diante do exposto, é ingenuidade pensar que terremotos não podem fazer mal ao Brasil e o livro sinaliza ser necessário estudar nossos sismos, já que terão maior importância em um País que possuirá cidades mais populosas e infraestruturas mais complexas e numerosas.





Fonte: Planeta Universitário

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